A necessidade de contratação de mais trabalhadores por meio de concurso público, para melhorar a qualidade dos serviços prestados pelos Correios e diminuir a sobrecarga de trabalho, tem sido reiterada em diferentes oportunidades nos últimos anos por entidades que representam os empregados da estatal. Na última segunda-feira, dia 23, o presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect), José Aparecido Gandara, rechaçou a afirmação da empresa, que, em resposta a editorial da FOLHA DIRIGIDA, negou que haja déficit de pessoal na empresa, alegando contar com efetivo suficiente em todo o país (leia abaixo).
“A realidade é que existe, sim, déficit de pessoal. Muitas unidades perderam trabalhadores por meio do plano de demissão incentivada e ficaram deficitárias. No Paraná mesmo, existe a necessidade de contratar 300 empregados para um centro de tratamento de cartas”, disse Gandara, argumentando que a própria empresa reconheceu a necessidade de pessoal ao anunciar a realização de concurso para cerca de 2 mil vagas em diversas localidades do país. A seleção foi suspensa após orientação do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest) do Ministério do Planejamento, para que a empresa não amplie o seu efetivo atual.
As oportunidades seriam para agente de Correios, nas atividades de carteiro e operador de triagem e transbordo, funções com requisito de ensino médio completo e remuneração inicial de pelo menos R$2.885,37 (carteiro) e R$2.348,87 (operador). A distribuição das vagas contemplaria os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Distrito Federal. Gandara ressaltou ainda que mesmo com a realização do último concurso, em 2011, o quadro da empresa era constituído por 126 mil trabalhadores, ao passo que, atualmente, esse total é de 120 mil.
Ele lembrou ainda que há necessidade de substituir terceirizados, que são contratados temporariamente. Segundo o presidente da Findect, as contratações são constantemente refeitas em vez de se realizar concurso para admissão de trabalhadores efetivos para suprirem a demanda. Em novembro do ano passado, inclusive, a juíza Audrey Choucair Vaz, da 15ª Vara do Trabalho de Brasília, determinou que os Correios contratem concursados em número equivalente ao verificado em levantamento das demandas a ser realizado. A estatal já recorreu da decisão. De acordo com o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo, a defasagem é de cerca de 15 mil trabalhadores.
Alternativas – Dias após a suspensão do concurso, a empresa informou que estuda a possibilidade de abrir a seleção apenas para a formação de cadastro de reserva, assim como fará, por exemplo, a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), outra que recebeu a orientação do Dest. Já o diretor regional da empresa no Rio de Janeiro, Márcio Vieira, afirmou à FOLHA DIRIGIDA, no último dia 10, que há previsão do concurso da empresa ser realizado em meados do ano que vem, com oferta de vagas determinada em edital.